Nos últimos anos, as instalações solares plug&play, muitas vezes chamadas estações solares, tornaram-se muito mais democratizados, como vimos com Sunologia, Bem, Sol, Sunético, etc. Estes sistemas têm a vantagem de simplesmente serem ligados a uma tomada eléctrica, para reduzir imediatamente a sua conta de electricidade. Estes sistemas são muito apreciados pela sua facilidade, tanto de instalação como no que diz respeito à legislação, uma vez que se deve realizar uma simples declaração Enedis, gratuita, às vezes até cuidada pelo fabricante. Além das estações solares, foram adicionadas soluções de armazenamento de energia em baterias, também plug&play, como por exemplo Zendure Ou Anker Solix.

Embora estas soluções permitam a qualquer pessoa reduzir a sua fatura de eletricidade com muita facilidade, muitas pessoas ainda têm dúvidas relativamente à Consuel, e assistimos a inúmeras trocas nas redes sociais, onde se diz tudo e o seu contrário. Para esclarecer este assunto, contactámos directamente esta organização para obter respostas claras a estas importantes questões. Elika Saidi-Chalopin, Diretor Técnico Adjunto da Consuel, reservou um tempo para nos esclarecer sobre esse assunto.
Domótica e Domótica – Poderia começar por relembrar-nos o que é Consuel e o seu papel na área das instalações elétricas?
Elika Saidi-Chalopin O Consuel, ou Comité Nacional para a Segurança dos Utilizadores de Eletricidade, é uma associação criada há 60 anos por iniciativa dos instaladores e da EDF da época para garantir a segurança das instalações eléctricas antes da sua ligação à rede. A Consuel é hoje uma associação de direito de 1901, reconhecida como de utilidade pública há 20 anos, e sob tutela da DGEC (Direção Geral de Energia e Clima).Emitimos certificados de conformidade para verificar se as instalações cumprem as normas de segurança vigentes. Se, originalmente, esta missão dizia respeito a instalações convencionais, hoje inclui também instalações de produção de eletricidade, como painéis fotovoltaicos, que representam 99% das instalações de energias renováveis. A Consuel desempenha um papel fundamental na validação destas instalações, nomeadamente para garantir a sua segurança antes da sua ligação à rede. Quer sejam instalações residenciais, telheiros agrícolas, quer sejam no terreno, quer sejam parques de estacionamento, onde possa ter um parque solar, etc. A partir do momento em que se trata de uma instalação elétrica fixa que vai ser ligada à rede, o Consuel intervém.

MD – Existe uma distinção regulamentar entre instalações solares tradicionais e sistemas plug & play?
ESC. – Absolutamente. A principal diferença reside na alteração ou não da instalação elétrica. As instalações solares tradicionais, que requerem ligação direta ao quadro elétrico, devem obter um certificado de conformidade da Consuel. Por outro lado, os sistemas plug & play, que se ligam diretamente a uma tomada elétrica sem modificar a instalação, estão isentos desta obrigação.
MD – Os usuários de estações solares plug & play precisam ter sua instalação verificada pela Consuel antes de colocá-la em serviço?
ESC. – Não, desde que não haja modificação na instalação elétrica, não é necessário recorrer à Consuel. Os sistemas plug & play são comparados a produtos, como um eletrodoméstico que você conecta a uma tomada. Não há necessidade de certificado de conformidade para conectar uma máquina de lavar ou lava-louças em sua casa. Também não há necessidade de um sistema plug&play. No entanto, assim que for feita uma modificação, por exemplo ligação direta a um quadro elétrico, um certificado de conformidade torna-se essencial.
médico- E quanto à limitação de 3 kW de que ouvimos falar com frequência?
ESC. – Às vezes há confusão em relação a esse limite. Na verdade, não existe nenhum limite de 3 kW nos regulamentos que exija um certificado de conformidade desta potência. Este limite está frequentemente associado a outros procedimentos, como declarações à Câmara Municipal no âmbito do código de urbanismo, por exemplo, para instalações em telhados que excedam uma determinada altura. Existe uma distinção entre o código de planeamento urbano e o código de energia.
Por outro lado, para sistemas plug & play, a potência máxima recomendada é de 900 watts por kit, pois além disso o risco de sobrecarga do circuito torna-se muito grande. Portanto, é importante não confiar neste limite de 3 kW para determinar se um certificado Consuel é ou não necessário.

MD – Quais são as principais preocupações de segurança associadas às estações solares plug & play que se conectam a uma tomada elétrica?
ESC. – A principal preocupação diz respeito ao estado da instalação existente. Conectar um kit solar a uma tomada elétrica sem conhecer a qualidade da instalação pode causar superaquecimento ou riscos de incêndio. Isto é particularmente verdadeiro se vários kits estiverem conectados ao mesmo circuito ou se a instalação não for projetada para suportar uma carga contínua. Por isso é fundamental verificar o estado da instalação antes de conectar este equipamento. Você deve saber que embora uma tomada elétrica doméstica seja indicada como capaz de suportar 3680w (16A), ela não foi projetada para suportar esta potência continuamente. Conectar painéis solares de 3.000 W, por exemplo, a tal tomada pode levar ao aquecimento do circuito elétrico durante as fases completas de produção. Tecnicamente, esse soquete foi projetado para suportar picos de até 16A, mas só é feito para suportar uma intensidade contínua de no máximo 8A. É também por isso que os carregadores de veículos eléctricos ligados a uma tomada doméstica estão limitados a 8A, porque carregar a 16A durante 15 horas seria perigoso neste tipo de tomada (é melhor instalar uma tomada reforçada, na ausência de instalação de uma estação de carregamento “real”). Portanto não é recomendado conectar mais de 900w de painéis no mesmo circuito elétrico, e desde que o circuito tenha pelo menos 2,5mm2.
MD – Quais são os critérios de conformidade que a Consuel verifica para este tipo de instalação?
ESC. – Para uma instalação fotovoltaica tradicional, o Consuel analisa vários aspectos: o dimensionamento dos cabos, a presença de dispositivos de proteção adequados e a ligação ao quadro elétrico. Já os sistemas plug & play, que não necessitam de modificação, escapam desse tipo de controle. Porém, componentes como painéis e microinversores devem atender a normas específicas.
MD – Todos os modelos de estações solares plug & play existentes no mercado cumprem as normas de segurança atuais?
ESC. – Painéis solares e microinversores geralmente atendem aos padrões, pois esses componentes estão sujeitos a requisitos específicos de seus respectivos fabricantes. No entanto, ainda não existem padrões globais para kits solares plug & play como produtos montados. Por isso, é importante escolher fabricantes fiáveis e seguir as suas recomendações, porque algumas ofertas no mercado nem sempre são óptimas em termos de segurança.
MD – E as chamadas instalações fotovoltaicas Plug&Play que são instaladas num telhado?
ESC. – Por utilizarem um microinversor que simplesmente se conecta à tomada elétrica, na verdade escapam da validação do Consuel. O termo “plug&play”, no entanto, é mal utilizado. Por um lado, a instalação num telhado não é tão simples, podendo causar problemas de infiltração se não for feita corretamente. Por outro lado, não é certo que o seguro cubra possíveis danos que possam ocorrer na sequência desta instalação, seja por inundação ou incêndio, por exemplo, porque não foi realizada por pessoa qualificada. Por último, este tipo de instalação está obviamente sujeito a pedido à Câmara Municipal, porque modifica a aparência do edifício, podendo ser contrária ao PLU ou mesmo à regulamentação dos Bâtiments de France (se estiver perto de um edifício classificado em particular). Os fabricantes deste tipo de soluções apostam no facto de a legislação ainda ser vaga na definição de instalação Plug&Play, mas a realidade não é tão simples.
MD – As baterias de armazenamento de energia plug & play estão sujeitas às mesmas obrigações de controlo que os painéis solares?
ESC. – As baterias plug & play seguem as mesmas regras dos painéis solares plug & play. Se não necessitarem de modificação da instalação, não estão sujeitos ao controle do Consuel. No entanto, é fundamental respeitar as precauções de segurança, nomeadamente em termos de localização e ventilação, para evitar qualquer risco de fuga térmica.
MD – Que recomendações você daria para a instalação e uso dessas baterias plug & play?
ESC. – É preferível não instalar estas baterias em salas de estar, pois podem representar um risco em caso de sobreaquecimento ou fuga térmica. Recomenda-se instalá-los em locais bem ventilados, protegidos de choques e fontes de calor. Da mesma forma, não os instalaremos em local como uma garagem onde ficam armazenados botijões de gás, por exemplo. Ao ar livre, evite a exposição à luz solar, que pode superaquecer a bateria. O ideal é privilegiar uma localização específica e dedicada numa divisão, para não colocar em risco a segurança das pessoas.
Aplica-se o mesmo respeito pelos poderes de injeção observado para os painéis solares. Muitos fabricantes também limitaram a potência de injeção dessas baterias a 1000 ou 1200w, para não causar superaquecimento da linha.
Por fim, mesmo para estes sistemas plug & play, recomendo chamar um profissional para uma avaliação da instalação elétrica.

MD – Que conselho você daria aos consumidores que estão considerando instalar uma estação solar plug & play ou uma bateria de armazenamento de energia?
ESC. – O meu principal conselho é respeitar as potências recomendadas e seguir escrupulosamente as recomendações dos fabricantes. Não subestime a importância de um circuito elétrico bem dimensionado e considere sempre recorrer a um eletricista qualificado para garantir que a instalação possa acomodar este equipamento sem riscos.
MD – Existem documentos ou recursos que a Consuel disponibiliza para ajudar as pessoas a cumprirem as normas?
ESC. – A Consuel não dispõe de documentos especificamente destinados a particulares, pois a nossa principal missão é trabalhar com profissionais. No entanto, foi publicado recentemente um guia pela SER e pela Enerplan, em colaboração com a ADEME, que explica como instalar sistemas solares plug & play com segurança. Este guia é disponível on-line e é um excelente recurso para os consumidores.
MD – Como você vê a evolução das regulamentações relativas às instalações solares plug & play nos próximos anos?
ESC. – As regulamentações provavelmente evoluirão à medida que essas instalações se tornarem mais comuns. Foi dado um primeiro passo com a publicação do guia de que vos falei, mas ainda existem zonas cinzentas a esclarecer, especialmente em termos de normas para produtos montados. Penso que com o tempo e a evolução do mercado serão implementadas regras mais rigorosas para melhor regular este tipo de instalação.